Construção inadequada da rede viária florestal tem gerado grande impacto ao meio ambiente

Estados brasileiros com pouca tradição florestal como o Maranhão, Tocantins, Piauí, Mato Grosso do Sul passam por uma fase de expansão, apostando em áreas plantadas direcionadas para o setor de celulose e papel. Um dos problemas que as reflorestadoras já enfrentam nessas regiões é a limitada infraestrutura, principalmente, as relacionadas à rede viária. Devido a esse motivo, acabam se responsabilizando não só pelas estradas internas em suas fazendas, mas, muitas vezes, com a rede viária de acesso entre os plantios e a indústria ou os centros de consumo.

Foto: WWF Brasil

Construção de estradas rurais deve buscar menor impacto possível aos ecossistemas.

Tendo conhecimento sobre essa realidade, o Encontro Brasileiro de Infraestrutura Florestal traz diversos assuntos primordiais para dar embasamento para essa atividade, entre eles se destaca a “Visão da Certificação Sobre Rede Viária Florestal”. Esse tema será tratado no Bloco sobre Rede Viária Florestal e a Interface Ambiental pelo auditor da Sysflor Certificações Florestais – SCS Global Services, Luciano Lisbão Junior.

De acordo com o profissional, as estradas devem ser bem planejadas porque uma vez implantadas, irão exercer efeitos sobre todas as atividades florestais de forma permanente. “O planejamento da rede viária deve considerar, por exemplo, uma menor mobilização de solo (cortes e aterros), evitar ao máximo a remoção de árvores isoladas ou a retirada de vegetação nativa; aproveitar ao máximo o traçado de estradas já existentes”, destacou Luciano. A execução desses aspectos visa a um só tempo reduzir os custos de abertura de estradas e causar menor impacto ambiental possível.

Levando em consideração que a execução da infraestrutura florestal é uma das atividades de maior risco de impacto ambiental, vários aspectos legais também estão envolvidos em sua construção, como: o licenciamento de atividades florestais, nos Estados em que ele já está estruturado; o licenciamento do empreendimento florestal; e licenciamento ambiental específico da estrada. “Já para a certificação florestal é importante que a empresa disponha de um procedimento para a construção e manutenção de estradas e tenha uma pessoa designada como responsável pela atividade na empresa”, explicou o auditor da Sysflor Certificações Florestais.

Durante a palestra, o profissional apresentará os requisitos das certificações florestais CERFLOR (Programa Brasileiro de Certificação Florestal) e FSC (Conselho Brasileiro de Manejo Florestal) relacionados à construção e manutenção de estradas, traduzindo esses requisitos em ações que a empresa deverá tomar para se preparar para um processo de certificação.

A primeira edição do Encontro Brasileiro de Infraestrutura Florestal acontece entre os dias 16 e 18 de outubro, em Curitiba (PR) e contará com palestras de 17 profissionais, com alto nível de conhecimento técnico. Confira a programação completa no site: www.infraestruturaflorestal.com.br

Nova soja transgênica da Monsanto deve chegar 1º ao Brasil em 2013

Total de transgênicos deve crescer para três quartos do total da soja plantada na safra 2010/11

Nova soja está sendo provisoriamente chamada de Bt RR2 e ainda é inédita nos Estados Unidos - Getty Images

Líder absoluta em biotecnologia para aagricultura no Brasil na última década, a Monsanto mantém a aposta na inovação para continuar no topo no momento em que os produtos dos competidores começam a ganhar o mercado nacional, após recente aceleração das aprovações de transgênicos no País.

A multinacional americana espera responder à concorrência com o lançamento, na safra 2012/2013, de uma soja inédita no mundo, com uma tecnologia de genes combinados que oferecem resistência ao glifosato de segunda geração e a insetos.

“Somos uma empresa de tecnologia, é como o Steve Jobs criando o iPad, se ele não criar um a cada dois anos, alguém vai chegar mais junto deles (da Apple)…”, afirmou André Dias, presidente da Monsanto no Brasil, ementrevista à Reuters.

“A nova soja, que estamos provisoriamente chamando de Bt RR2, vai ser a primeiratecnologia combinada da cultura, inclusive nosEUA não tem”, declarou o executivo, de 42 anos, que assumiu o cargo em 2008 após passar por vários postos na companhia, na Ásia e nos EUA.

A soja é a principal cultura anual do Brasil, respondendo por cerca de metade da área plantada com grãos e oleaginosas, e na nova safra (2010/11), semeada a partir de setembro, consultorias independentes estimam que o total de transgênicos crescerá para três quartos do total plantado.

“Diria que a gente vê isso (a nova soja) chegando no mercado no verão de 2013… atingindo um grande número de hectares, e o desenvolvimento foi feito todo no Brasil”, ressaltou Dias, salientando que o “dossiê” da nova soja foi submetidos à CTNBio em junho de 2009.

Dessa forma, a cultura da soja que impulsionou desde o início os negócios da companhia no Brasil, o segundo país para o faturamento da Monsanto atrás dos EUA, poderia ser também um dos trunfos da empresa para competir com os concorrentes nos próximos anos.

A soja transgênica que sozinha domina a lavoura brasileira até hoje é a Roundup Ready (RR), da Monsanto, que chegou ao Brasil primeiro contrabandeada da Argentina, no início da década. Ela foi cultivada por cerca de cinco anos antes de ser aprovada pela CTNBio, o órgão regulador no Brasil.

Apenas no final do ano passado e início de 2010 outras empresas obtiveram a aprovação da CTNBio de variedades de soja: a Basf, em parceria com a Embrapa, e a Bayer. Tais produtos só devem ser lançados comercialmente nos próximos anos.

Milho e algodão 
Outros trunfos da companhia, com receita bruta de R$ 3,6 bilhões no Brasil em seu último ano fiscal, aumento de quase R$ 1 bilhão ante o período anterior, são as sementes de milho e algodão engatilhadas para chegar ao mercado.

Para 2010/11, a Monsanto colocará à disposição dos produtores o milho chamado YieldGard VT Pro, resistente a insetos, enquanto visualiza para breve o lançamento comercial do milho com genes combinados “stack” (resistente a insetos e a herbicidas) já aprovado pela CTNBio.

Mas para o milho, cujos híbridos transgênicos só começaram a ser aprovados no Brasil a partir de 2007, a concorrência tende a ser maior do que no setor de soja. Além do produto da Monsanto já há outros no mercado.

adoção da tecnologia do milho, aliás, salientou Dias, ocorreu mais rapidamente do que a soja, até porque as empresas tiveram mais condições de trabalhar com sementes adaptadas às condições climáticas e de solo do Brasil, diferentemente do que ocorreu com a soja – as primeiras, conhecidas como “Maradona”, tinham características adequadas à Argentina.

“Na soja, o processo de introdução foi atabalhoado, nós só conseguimos fazer pesquisa no Brasil a partir de 2004 e 2005″, disse ele, observando que o milho transgênico apresentou resultados mais rapidamente no País.

Prova disso é que, segundo a consultoria Céleres, os transgênicos de milho com três anos de aprovação ocuparão na safra de inverno (safrinha) em 10/11 cerca de 75% do plantio, mesmo patamar previsto para ser alcançado pela soja geneticamente modificada na mesma temporada.

O novo milho da Monsanto (YieldGard VT Pro), lançado para 10/11, poderá apresentar produtividade 10% superior ao híbrido convencional, contra ganhos de 8% do YieldGard, indicou Dias. Com dois genes, o VT Pro, um produto de segunda geração, tem uma ação mais ampla contra as lagartas.

Mas o salto tecnológico no campo do milho no Brasil será a semente com resistência combinada a insetos e a herbicidas, cuja tecnologia também já foi aprovada para o algodão, mas aguarda um aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), segundo a Monsanto.

A média de produtividade do milho no Brasil ainda tem muito a crescer, com os novos eventos transgênicos, segundo a indústria, sendo menos da metade da obtida nos EUA, o maior produtor mundial, que usa a tecnologia há mais tempo.

“Um dos grandes pulos do gato é justamente o RR” combinado com resistência a insetos, afirmou ele, destacando que a empresa também apresentará à CTNBio, no próximo ano, um algodão que permite uma “janela” maior para aplicação de herbicida.

Cana 
No longo prazo, a empresa espera obter produtos tolerantes à seca, no caso do milho, o que seria fundamental para o cultivo na segunda safra do Centro-Oeste e que permitiria o plantio em grande escala no Nordeste, além de trangênicos de cana-de-açúcar e outras variedades de soja mais produtivas.

Após aquisições de várias empresas de sementes de milho e algodão nos últimos anos e da compra da Alellyx e CanaVialis, Dias afirma que o foco da companhia é no desenvolvimentos das plataformas tecnológicas. “No momento, temos tanto para fazer com o que a gente já tem na mão, que acho que prestar atenção em oportunidades de aquisição não está no nosso escopo.”

Com as plataformas da Alellyx e CanaVialis, que receberam os conhecimentos em biotecnologia da Monsanto, a empresa espera lançar a sua primeira cana transgênica em 2020, em meio a investimentos anuais para todos os produtos de mais de US$ 100 milhões.

Mas se a nova cana ainda vai demorar, ela já chegaria resistente a herbicidas e tolerante a insetos, segundo o presidente da Monsanto. “A gente está aprendendo com cana, é uma planta muito diferente de soja, com um número de cromossomos muito maior, estamos começando a aprender como faz para introduzir um evento, mesmo que seja conhecido, que já tenha sido usado em milho e em soja, é diferente na cana.”

http://www.abril.com.br/noticias/economia/nova-soja-transgenica-monsanto-deve-chegar-ao-1o-brasil-2013-589457.shtml